sábado, 30 de julho de 2011

Aquisição da Linguagem por Crianças Surdas



Todas as pesquisas desenvolvidas nos últimos anos sobre a aquisição das línguas de sinais evidenciam que essa pode ser comparada à aquisição das línguas orais em muitos sentidos. Normalmente, as pesquisas envolvem a análise de produções de crianças surdas, filhas de pais surdos. Somente esse grupo de crianças surdas apresenta o input lingüístico adequado e garantido para possíveis análises do processo de aquisição. Entretanto, ressalta-se que essas crianças representam apenas de 5% a 10% das crianças surdas2 . No Brasil, os estudos envolvem crianças surdas filhas de pais surdos que usam a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.

As línguas de sinais são sistemas abstratos de regras gramaticais, naturais às comunidades surdas dos países que as utilizam. Assim como as línguas faladas, as línguas de sinais não são universais: cada país apresenta a sua própria língua. No caso do Brasil, como já foi citado, tem-se a LIBRAS e, além dessa, tem-se também a língua de sinais usada por uma tribo indígena brasileira chamada Urubu Kaapor, citada por Kakumasu (1968) e Ferreira Brito (1993).

As línguas de sinais apresentam-se numa modalidade diferente das línguas orais-auditivas; são línguas espaço-visuais, ou seja, a realização dessas línguas não é estabelecida através do canal oral-auditivo, mas através da visão e da utilização do espaço. A diferença na modalidade determina o uso de mecanismos sintáticos específicos diferentes dos utilizados nas línguas orais. As línguas de sinais são sistemas lingüísticos independentes dos sistemas das línguas orais e não são universais.

As línguas de sinais, dentre elas a LIBRAS, parecem apresentar especial interesse nas pesquisas lingüísticas dentro da perspectiva gerativista. A razão de tal interesse está relacionada à possibilidade de determinar os princípios da UG independentemente da modalidade da língua. Se isso for possível, as línguas de sinais podem ser exemplos de línguas que fortalecem a proposta gerativista quanto à existência de um módulo da linguagem na mente/cérebro do ser humano.

Quanto aos aspectos estruturais das línguas de sinais, há dois aspectos fundamentais: (a) o estabelecimento nominal e a pronominalização e (b) a concordância verbal. Os sujeitos e objetos podem ser estabelecidos em um ponto no espaço de sinalização (loc)3 ; quando isso ocorre, há um estabelecimento nominal e a pronominalização. Esse estabelecimento é completamente espacial e é fundamental para a concordância verbal, principalmente com referentes não presentes.

Considerando que o processo de aquisição das línguas de sinais é análogo ao processo de aquisição das línguas faladas, as seções seguintes estão subdivididas nos estágios de aquisição adotados nos estudos sobre a aquisição da linguagem. O estabelecimento nominal, o sistema pronominal e a concordância verbal serão enfatizados tendo em vista que tais tópicos são fundamentais para o estabelecimento de relações gramaticais (espaciais).

fonte: http://www.ines.gov.br/ines_livros/36/36_PRINCIPAL.HTM


Agora vamos ver vídeos de aquisição da Libras por crianças surdas e ouvintes:


Criança ouvinte com pai surdo:




Criança surda:



PIADA!

sábado, 23 de julho de 2011

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INTÉRPRETES NO PROLIBRAS




Saudações!

Bom, lendo sobre o Prolibras, maior avaliação em Libras realizado no território nacional, resolvi esclarecer alguns itens dessa avaliação, por embasamento de documentos sobre o exame.
QUAIS SÃO OS REQUISITOS PARA REALIZAR A PROVA??

Os requisitos são:

a) formação de nível superior, com competência para realizar a interpretação das duas línguas de maneira simultânea ou consecutiva;
b) formação de nível médio completo, com competência para realizar a interpretação de textos, palestras, conferências, discursos, eventos, aulas, atividades didático-pedagógicas e outras.

O QUE É AVALIADO NA PROVA DO PROLIBRAS?

CONTEÚDOS DA PRIMEIRA PROVA (OBJETIVA):
Prova objetiva
1. Conhecimentos específicos da Libras
2. Legislação específica da Libras
3. Ética profissional do tradutor / intérprete da Libras
4. Compreensão da Libras

Aqui no blog já disponibilizei algumas provas, se quiser dar uma olhada, clique aqui!!

CONTEÚDOS DA SEGUNDA PROVA (PRÁTICA):

PARA ENSINO MÉDIO

Prova prática de proficiência em tradução e interpretação – nível médio: textos de aulas de nível médio em língua de sinais e em português para a interpretação simultânea.

PARA ENSINO SUPERIOR
Prova prática de proficiência em tradução e interpretação – nível superior: textos de aulas de
nível universitário em língua de sinais e em português para a interpretação simultânea.

QUAIS SÃO OS ITENS A SEREM AVALIADOS?

Fluência na Libras e em Português: nota máxima 3,00 (três vírgula zero zero).
b) Interpretação e tradução de textos Libras/Língua Portuguesa/Libras: nota máxima 7,00 (sete vírgula zero zero), de acordo com a seguinte distribuição:
1) adequação do sentido entre textos: nota máxima 3,00 (três vírgula zero zero);
2) equivalência textual entre Libras e Português e viceversa: nota máxima 2,00 (dois vírgula zero zero);
3) adequação de níveis de registro de vocabulário e de gramática em função do público-alvo: nota
máxima 2,00 (dois vírgula zero zero).


Na sua opinião, qual a maior dificuldade na prova do PROLIBRAS???





abraço sinalizado!

FONTE: http://www.prolibras.ufsc.br/livro_prolibras.pdf

quinta-feira, 21 de julho de 2011

SITE COM ARTIGOS DE SURDEZ EM ESPANHOL

Saudações!

Encontrei um Linksite muito legal que tem artigos da América Latina a respeito de cultura surda. Vale a pena conferir!

http://www.cultura-sorda.eu/

abraço sinalizado!
Priscila Festa

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Daniel Diges - Algo Pequeñito - Interpretado en lenguaje de signos

La aparición de Youtube ha permitido una expansión sin precedentes de las canciones signadas. Cada día se suben a la red un buen número de ellas en todas las lenguas de signos. ANICOLS (Asociación para la Normalización del Intérprete y la Comunicación en Lengua de Signos) y el cantante Daniel Diges son protagonistas de una de las últimas.

La junta directiva de ANICOLS, nos informa de la publicación de un nuevo vídeo musical en LSE para la cual, además, han contado con la colaboración del cantante Daniel Diges, que represento a la música española en el festival de Eurovisión 2010.

fonte: http://www.diariosigno.com/index.php?action=muestraNoticia&parameter=16302&menu=muestraMenu&pmenu=22


sexta-feira, 1 de julho de 2011

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO SURDO


Olá!







Essa é uma questão muito relevante no contexto inclusivo. Pois, com as políticas de inclusão do MEC, os alunos surdos estão nas escolas regulares. Porém, muitas vezes, os professores desconhecem as particularidades linguísticas do aluno surdo e depara-se com textos como essa a seguir:












Produção escrita após um passeio realizado
" Nós foi no pic-nic
• (nome do lugar)
• Nós chegamos no pic-nic
• As gente entrou na sala as crianças sentado no chão vai começar o
teatro
• Despois comendo o cachorro-quente e bebendo o guaraná despois
brincar no parque parou jogar o futebol e jogar no quema vamos
ver e procurar o macaco na floresta o macaco fugiu agora vamos
embora. Volta a escola levar as mãos para cozinha." R.A.C.M. 2ª série






Como perceber a avaliação? Segue um texto sobre o assunto!!






















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A Avaliação da Aprendizagem
A avaliação é parte integrante do processo ensino-aprendizagem. A avaliação requer preparo técnico e grande capacidade de observação dos profissionais envolvidos.
A principal função da avaliação é a diagnóstica por permitir detectar, diariamente, os pontos de conflitos geradores do fracasso escolar. Esses pontos detectados devem ser utilizados pelo professor como referenciais para as mudanças nas ações pedagógicas, objetivando um melhor desempenho do aluno.
A avaliação tem também, a função classificatória, visando à promoção escolar do aluno ou ao levantamento de indicadores quanto ao status quo do indivíduo, num determinado momento, quando este é submetido a testes, provas e exames de caráter específico ou multidisciplinar (pedagógico, médico, fonoaudiológico, psicossocial, etc).
Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico. O professor, que trabalha numa dinâmica interativa, tem noção, ao longo de todo o ano, da participação e produtividade de cada aluno. É preciso deixar claro que a prova é somente uma formalidade do sistema escolar.
Como em geral, a avaliação formal é datada e obrigatória, deve-se ter inúmeros cuidados em sua elaboração e aplicação. Todo o conteúdo da prova deve estar adequado com o que foi trabalhado, durante as aulas de Português escrito, não dando margem a dúvidas. As questões devem, preferencialmente, estar relacionadas umas com as outras, delineando um contexto lógico em toda a prova.
Na avaliação da aprendizagem do aluno surdo, não se pode permitir que o desempenho lingüístico interfira de maneira castradora na performance acadêmica desses alunos que já possuem, por sua perda auditiva, uma defasagem lingüística no que se refere à Língua Portuguesa (falada e/ou escrita).
Muitas vezes, a imperfeição no desempenho do aluno surdo fica evidenciada em todos os níveis da Língua Portuguesa: fonológico, semântico, morfossintático e pragmático.
Considerando-se que, as instituições de ensino regular não têm como objetivo avaliar o desempenho lingüístico do aluno surdo no nível fonológico e que o nível pragmático é melhor aferido pelas observações do dia a dia, fica sob a responsabilidade do professor a avaliação dos níveis de conteúdo (semântico) e da forma como este é apresentado (morfossintático).
No momento de atribuir conceitos ou estabelecer grau de valor para os materiais lingüísticos produzidos pelo aluno surdo, o professor deverá estar ciente que:
- a dificuldade de redigir em Português está relacionada à dificuldades de compreensão dos textos lidos (conteúdo semântico) e que essas dificuldades impedem a organização ao nível conceitual. O aluno poderá ler, mas confundir o significado das palavras. Muitas vezes, só compreende o significado das palavras de uso contínuo, o que interfere no resultado final do trabalho com qualquer texto, mesmo o mais simples. - as dificuldades que a leitura acarreta ao surdo impedem a expansão do vocabulário, e com isso, provocam a falta de hábito de ler. O reflexo desse círculo vicioso reflete-se na pobreza de vocabulário e na falta de domínio das estruturas (forma) mais simples da Língua Portuguesa. No nível estrutural (morfossintático), observa-se que, mais constantemente, os alunos surdos não conhecem o processo de formação das palavras, utilizando substantivo no lugar de adjetivo e vice-versa, omitem verbos, usam inadequadamente as desinências nominais e verbais, desconhecem as irregularidades verbais, não utilizam preposições e conjunções, ou o fazem inadequadamente,. Além disso, tudo leva a crer que, por desconhecerem a estrutura da Língua Portuguesa, utilizem, freqüentemente, estruturas da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) para expressarem por escrito suas idéias. Ao avaliar a produção escrita dos alunos surdos em Língua Portuguesa, os professores deverão ser orientados para que:
o aluno tenha acesso ao dicionário, e se possível, ao intérprete no momento do exame;
a avaliação do conhecimento utilize critérios compatíveis com as características inerentes a esses educandos;
a maior relevância seja dada ao conteúdo (nível semântico), ao aspecto cognitivo de sua linguagem, coerência e seqüência lógica das idéias;
a forma da linguagem (nível morfossintático) seja avaliada com mais flexibilidade, dando maior valor ao uso de termos da oração, como termos essenciais, termos complementares e, por último, os termos acessórios, não sendo por demais exigente no que diz respeito ao elemento coesivo. Assim, ao avaliar o conhecimento do aluno surdo, o professor não deve supervalorizar os erros da estrutura formal da Língua Portuguesa em detrimento do conteúdo. Não se trata de aceitar os erros, permitindo que o aluno neles permaneça, mas sim anotá-los para que sejam objeto de análise e estudo junto ao educando, a fim de que possa superá-los. Além disso, seria injusto duvidar que a aprendizagem efetivamente ocorreu, tendo-se por base unicamente o desempenho lingüístico do aluno surdo, ponto em que se situam suas principais necessidades especiais.
A avaliação da aprendizagem do aluno surdo é ponto merecedor de profunda reflexão. Todos os profissionais envolvidos nesse processo deverão estar conscientes de que o mais importante é que os alunos consigam aplicar os conhecimentos adquiridos em seu dia a dia, de forma que esses conhecimentos possibilitem uma existência de qualidade e o pleno exercício da cidadania.







Confira ainda outro texto sobre a avaliação do aluno surdo!